Reginaldo Osnildo
Entenda o Provimento 205/2021 e descubra 12 táticas éticas para atrair clientes com conteúdo jurídico.
Se você advoga e quer usar o digital para gerar demanda sem trombar na porta da OAB, este guia foi feito sob medida. Vou te mostrar, na prática, o que mudou com o Provimento 205/2021, o que pode e o que não pode, e um passo a passo para transformar conteúdo em clientes — sempre com ética e segurança.
1) O que mudou (e por que isso importa)
A OAB reconheceu o óbvio: a advocacia não pode ignorar o digital. O Provimento 205/2021 abriu espaço para redes sociais, blog, vídeos, lives e impulsionamento de conteúdo informativo, desde que você não caia na captação indevida. Em bom português: educar pode; vender diretamente, não.
Tradução para o dia a dia:
- ✅ Fale de direitos, prazos, procedimentos, atualizações e jurisprudência, sem prometer resultado.
- ✅ Apresente seu escritório (história, equipe, áreas), sem tom comercial.
- ✅ Use SEO no site e posts para ser encontrado no Google.
- ✅ Faça lives, webinars e podcasts com foco educativo.
- ❌ Nada de “contrate agora”, “o melhor de SC”, “garantia de vitória”.
- ❌ Não publique preços de honorários, nem comparações com concorrentes.
2) O que é permitido: uma lista objetiva ✍️
- Redes sociais (Instagram, LinkedIn, YouTube, TikTok, X): posts, carrosséis e vídeos informativos.
- Blog jurídico no seu site: artigos educativos com SEO on-page.
- Lives, webinars e podcasts: aprofundar temas com linguagem acessível.
- Impulsionamento (ads) de conteúdo informativo e eventos educativos.
- Informações institucionais: missão, valores, equipe, áreas, canais de contato.
- Newsletter/Email: distribuição de conteúdo informativo a uma base que consentiu.
- Materiais ricos: e-books e guias sem promessa de resultado.
- SEO técnico: estrutura, velocidade, dados estruturados, headings e meta tags.
Dica: sempre deixe claro o caráter informativo e evite “call to actions” comerciais.
3) O que continua proibido (e por que dá problema) 🚫
- Prometer resultado (“ganhe”, “recupere”, “garantia”).
- Divulgar valores de honorários e condições comerciais.
- Comparar-se a outros escritórios ou advogados.
- Linguagem de varejo (“promoção”, “desconto”, “contrate agora”).
- Oferecer consulta gratuita com objetivo de captar clientes.
Esses pontos caem direto no radar de captação indevida e desvirtuam a natureza técnica e informativa da publicidade jurídica.
4) 12 táticas éticas de marketing jurídico que funcionam hoje
4.1 Conteúdo de valor, sempre 🎯
- Mapeie dúvidas reais dos seus clientes (comentários, inbox, reuniões).
- Transforme cada dúvida em post curto + artigo aprofundado no blog.
- Estruture por palavra-chave (ex.: “aposentadoria especial por insalubridade”).
- Inclua FAQ no final do artigo — ótimo para SEO e para a pessoa entender a próxima etapa.
4.2 Padrão de autoridade no seu site
- Página “Sobre”: história, valores, forma de atuação, áreas, contato.
- Página “Equipe”: mini bio técnica e atuação — sem adjetivos comerciais.
- Página “Conteúdo”: organize por temas e processos (trabalhista, previdenciário etc.).
- Rodapé com Canais oficiais (WhatsApp, e-mail, endereço) e políticas do site.
4.3 Calendário editorial inteligente
- 3 pilares mensais: Atualidades (decisões e mudanças), Guia prático (passo a passo), Caso hipotético (didático).
- Frequência sustentável (ex.: 1 artigo/semana + 3 posts derivados).
4.4 Funil limpo (sem tom comercial)
- Topo: conteúdos amplos (“O que é auxílio-doença?”).
- Meio: aprofundamentos (“Documentos para requerer…”, “Quem tem direito?”).
- Fundo: orientação de próximos passos (“como buscar análise do caso”).
- Call to action ético: “Fale com nossa equipe para entender seu caso” (sem promessa).
4.5 SEO on-page que a OAB não implica
- Título com palavra-chave, meta descrição informativa, headings H2/H3, URLs amigáveis, links internos e imagens com alt-text descritivo.
- Checklist por artigo: intenção de busca, escaneabilidade, resumo inicial, FAQ, conclusão com próximos passos informativos.
4.6 Social media sem cilada
- Carrosséis “pergunta–resposta”, glossário jurídico e mitos e verdades.
- Reels de 30–60s respondendo 1 dúvida específica.
- Stories: bastidores institucionais (rotina, participação em eventos, publicações).
- Nada de antes/depois, “ligue já”, “últimas vagas”.
4.7 Impulsionamento com responsabilidade (ads)
- Promova conteúdos educativos e eventos.
- Segmentação geográfica + interesses relacionados ao tema (ex.: INSS).
- Landing page informativa com contato opcional (nada de “garantia”).
- Pixel de mensuração para saber quais temas geram mais interesse, sem remarketing agressivo.
4.8 Reputação digital que conta
- Google Meu Negócio: mantenha categoria correta, fotos do escritório, horários e publicações de conteúdo informativo.
- Incentive avaliações espontâneas de clientes satisfeitos (sem indução, sem recompensa).
- Participação em eventos e publicações (artigos em portais, congressos).
4.9 Materiais ricos (e-book/guia) 💡
- Tema cirúrgico (“Guia prático: adicional de insalubridade”).
- Download mediante consentimento (LGPD) e mensagem educativa de acompanhamento.
- Encaminhe sequência de e-mails informativos (2–3 mensagens), sempre sem promessa.
4.10 Conteúdo para SC (contexto local)
- Traga exemplos catarinenses quando fizer sentido (rotas de atendimento, órgãos, prazos locais).
- Use linguagem clara e próxima — sem juridiquês desnecessário.
4.11 Time treinado = zero deslize
- Faça workshop interno sobre limites éticos; crie um guia de linguagem do escritório.
- Defina responsáveis por revisão antes da publicação.
- Tenha modelos aprovados de CTA: “Agende uma conversa para entender o seu caso”.
4.12 Métricas que importam (sem vaidade)
- Tráfego orgânico, tempo na página, cliques em contato, inscrições em eventos.
- Ajuste o calendário conforme temas com melhor engajamento informativo.
5) Exemplo prático para Instagram (trabalhista em Florianópolis)
Post (carrossel):
Slide 1: “Trabalha em ambiente insalubre? Você pode ter direitos especiais.”
Slide 2: “O que é insalubridade?” (definição simples)
Slide 3: “Quem pode solicitar aposentadoria especial?” (requisitos principais)
Slide 4: “Quais documentos ajudam?” (PPP, laudos etc.)
Slide 5: “Próximo passo” → “Converse com um advogado para avaliar seu caso.”
Legenda (ética):
“Conteúdo informativo. Cada caso tem particularidades. Fale com um profissional para orientação específica.”
O que está 100% dentro das regras: foco educativo, ausência de preço, nada de promessa, CTA neutro. (Este exemplo está alinhado ao material base.)
6) Erros comuns que geram risco ético 😬
- Copiar estratégias de varejo (urgência artificial, “últimas vagas”).
- Transformar o perfil em vitrine de autopromoção.
- Postar conteúdo sem revisão de linguagem (escorrega para o comercial).
- Desatualizar o site e dados institucionais.
- Promover “consulta grátis” como isca.
7) Passo a passo de adaptação (checklist rápido)
- Diagnóstico: revise site, redes, anúncios e PDFs. Remova linguagem de venda.
- Diretrizes internas: manual de comunicação (o que pode/não pode + CTAs aprovados).
- Calendário 90 dias: 12 artigos + 36 posts + 2 lives.
- SEO básico: títulos, H2/H3, meta description, links internos, velocidade do site.
- Páginas institucionais: Sobre, Equipe, Áreas, Conteúdo, Contato.
- Ads: só para conteúdos educativos e eventos; lead com consentimento.
- Reputação: Google Meu Negócio atualizado; colete avaliações espontâneas.
- Treinamento: equipe alinhada; dupla revisão antes de publicar.
- Métricas: acompanhe mensalmente e ajuste temas e formatos.
- Compliance: registro das peças aprovadas e responsáveis.
8) Perguntas frequentes (FAQ)
Posso falar de casos que atuei?
Pode descrever experiências de forma pedagógica, sem identificação do cliente e sem “prova social” com tom comercial. Foque no aprendizado jurídico.
Posso usar depoimentos?
Se usar, evite tom comercial e jamais prometa resultado. O ideal é priorizar avaliações espontâneas nos canais adequados.
Impulsionamento de “consulta grátis” pode?
Não. Consulta gratuita como isca fere o espírito das regras. Prefira promover conteúdo e eventos informativos.
E remarketing?
Se fizer, use com moderação e sempre para conteúdo educativo. Nada de perseguição com call comercial.
Posso publicar preço?
Não. Honorários não devem ser divulgados em anúncios ou posts.
9) Modelo de CTA ético (copie e use)
- “Conteúdo informativo. Precisamos analisar o seu caso.”
- “Quer entender se isto se aplica a você? Fale com nossa equipe.”
- “Inscreva-se no webinar para aprender o passo a passo.”
- “Baixe o guia gratuito e conheça seus direitos.”
10) Ética não trava marketing, ela afia sua estratégia ✨
Quando você assume que o objetivo é informar e educar, todo o resto encaixa: SEO, redes, lives, e-books e reputação. A consequência natural é atrair casos qualificados — sem prometer o que não se pode entregar. Esse é o caminho para autoridade, confiança e crescimento sustentável, especialmente no mercado catarinense.
Observação importante: este conteúdo tem caráter informativo e não substitui a leitura integral das normas aplicáveis nem orientação do respectivo Tribunal de Ética e Disciplina da sua Seccional.